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A notícia da prisão do ginecologista suspeito de abusar sexualmente de pacientes no Distrito Federal foi vista com alívio pelas vítimas do médico Celso Satoru Kurike. Ao Metrópoles algumas das ex-pacientes disseram esperar “que a justiça seja feita”.
“Foi muito triste tudo o que aconteceu”, revelou uma das vítimas. Ela contou ter ficado muito abalada psicologicamente e, ao ver o médico detido, sentiu “esperança de que ele seja punido”.
Outra vítima disse ter passado por acompanhamento terapêutico após ser abusada pelo médico. Em relação à prisão, ela considera pouco diante de todos os traumas que Celso causou a ela e a mais de uma dezena de mulheres. “Acho que pela lei dos homens, é o mínimo”, acrescentou.
Os crimes teriam ocorrido durante consultas em um hospital particular da capital federal. Depois de a coluna Na Mira revelar que Celso Kurike foi indiciado por violação sexual mediante fraude, 12 novas novas vítimas procuraram a polícia para denunciá-lo. Elas relatam ter sido masturbadas pelo médico quando estavam deitadas em uma maca.
“Fico muito feliz por ele estar preso”, disse outra vítima. Ela revelou que o comportamento do ginecologista foi da mesma forma que outras mulheres relataram em depoimento. “Ele chegou a me masturbar com movimentos circulares, no clitóris, penetração com o dedo, e isso era sempre quando eu estava sozinha. Fiquei muito assustada com a situação, porque ele falava assim ‘Você é tão linda, não quer namorar comigo? Não quer ficar comigo?’”, detalhou a jovem.
Ela ainda relatou que o médico pediu para que a mãe saísse da sala para que ele pudesse apalpar os seios dela. O médico dizia que eles eram “muito bonitos”.
Celso Satoru Kurike foi preso em uma megaoperação na quinta-feira (6/7), em Formosa (GO). A investigação, da 12ª Delegacia de Polícia, mostrou que o ginecologista “fazia as vítimas crerem que estavam sendo submetidas a um procedimento adequado, correto e necessário, e que os toques que ele realizava faziam parte do protocolo de atendimento, quando, na verdade, era uma fraude para conseguir praticar o ato libidinoso com as vítimas”.
De acordo com a delegada-chefe da 12ª DP, Elizabeth Frade, o ginecologista foi ouvido na quinta-feira, mas negou as acusações das pacientes durante o depoimento.
Toque no clitóris
Uma das vítimas disse ter procurado o hospital para agendar uma consulta ginecológica e teve horário marcado com o médico. Quando Celso entrou no consultório e colocou um jaleco, a paciente informou sentir dores na cicatriz provocada pela cesariana, além de cólicas e forte fluxo menstrual.
O médico pediu, então, que a paciente respondesse a algumas perguntas desconcertantes, o que lhe causou estranheza. Ele queria saber, por exemplo, quantos parceiros sexuais a vítima havia tido ao longo da vida, se costumava sentir dores durante a relação sexual e se tinha dificuldades de chegar ao orgasmo. Logo após tais questionamentos, o ginecologista pediu que a mulher tirasse a roupa e vestisse um avental.
Ainda de acordo com o depoimento da vítima à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), após fazer o exame nas mamas e a coleta do exame preventivo, tudo corria dentro de uma aparente normalidade, até o médico tocar em seu clitóris e iniciar movimentos circulares. Em seguida, Celso Kurike teria dito que aquele ponto “é o local onde as mulheres sentem prazer”.
Em choque, a vítima não esboçou reação. Na sequência, o médico disse que a ajudaria a parar de sentir dores e passou a espetar agulhas pelo corpo da mulher que eram semelhantes às de acupuntura. Assustada, a paciente se levantou, foi ao banheiro, trocou de roupa e foi embora.
Quando ela se preparava para deixar o consultório, o médico ainda disse que, caso ela tivesse “dificuldades para chegar ao orgasmo, ele ajudaria”. O advogado de uma das vítimas afirmou que a semelhança nos depoimentos serve como prova cabal dos crimes cometidos pelo profissional de saúde.
CRM suspenso
Diante das denúncias, o Conselho Regional de Medicina no DF (CRM-DF) informou que o médico teve sua conduta apurada por meio de processo ético profissional. “A apuração resultou na aplicação de penalidade de suspensão de 30 dias (conforme previsto no artigo 22, alínea “D”, da Lei n° 3268/57), por infração aos artigos 38 e 40 do Código de Ética Médica, em fevereiro do ano passado. Demais informações correm em sigilo processual”, destacou o CRM. Como a penalidade administrativa foi aplicada no ano passado, Celso já voltou a trabalhar normalmente.
O que diz o médico
O advogado Eduardo Teixeira, que trabalha na defesa de Celso Kurike, afirmou que o inquérito policial se encontra em segredo de Justiça e, por essa razão, não poderia tecer comentários sobre o caso. “Já foram apresentados nos autos da investigação todos os elementos informativos aptos a demonstrar a falsidade da acusação”, disse o defensor.
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