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São Paulo — Encarar o calor extremo no caminho entre a casa e o trabalho já é suficiente para tirar a paciência de muita gente. Mas tem que viva na quentura para ganhar o pão e, nesses dias de recorde de temperatura máxima em São Paulo, perto dos 40°C, não há como se esconder. É sem refresco.
O técnico de rede Edson Timóteo da Silva, 28 anos, não tem como se abrigar do sol forte. Ele sobe a escada colada ao poste e estica os cabos para garantir internet nas casas e escritórios. “É terrível. Só trabalho à base de muita água e proteção”, diz.
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Como em São Paulo nem um copo d’água costuma ser gratuito, ele tem que se precaver. “Passo um protetor [solar], deixo água gelando para o outro dia, porque para arrumar água por aqui é complicado. Quando consigo, é da torneira, quente. Para comprar uma garrafa de 1,5 litro gasto R$ 6, R$ 7”, afirma.
O pedreiro Eduardo de Sousa, 39 anos, fazia sarjetas nesta terça-feira (14/11) na zona sul de São Paulo. Muita água e proteção contra os raios do sol também são as estratégias adotadas por ele para vencer o calorão fora do comum neste novembro.
Temperaturas altas não são novidade na vida de Sousa, que veio do Piauí, um dos estados mais quentes do Brasil. O pedreiro, porém, aponta diferenças entre o local onde nasceu e a capital paulista, que escolheu para viver.
“Quando estou por lá, dá para refrescar um pouco, é tudo mais natural, não tem tanto asfalto. Agora, para ter o ganho para sobreviver, é aqui em São Paulo mesmo. Tem que enfrentar o calor e o frio”, diz.
Já Edmilson Valverde, 43 anos, não trabalha ao ar livre como os demais. Isso não significa que esteja livre do calor. Quando a chapa esquenta, literalmente, é ele quem prepara lanches e refeições em um bar no bairro do Paraíso.
Diferentemente de Sousa, que veio do calor do Piauí, o chapeiro Valverde saiu da gelada Curitiba para ganhar a vida em São Paulo.
A chapa vai até 65°C para deixar tudo ao gosto da clientela e potencializa o calor da temperatura ambiente. “É um pouco complicado, mas temos que trabalhar. Tenho que dar o melhor, não tenho para onde correr”, diz. Assim como os demais trabalhadores, ele conta que também se hidrata bastante com água, sucos e líquidos em geral.
O pedreiro Paulo Ferreira dos Santos, 42 anos, trabalhava sob os instrumentos da estação meteorológica da Vila Mariana nesta terça —no dia anterior, a temperatura por lá chegou a 39,5°C.
“A gente tem que passar protetor e sair um pouco do sol também. Depois é chegar em casa e descansar, porque amanhã é outro dia”, diz. Santos muda também a alimentação em dias quentes para evitar desarranjos. “É mais salada e bastante água”, afirma.
Viver dias infernais sob calor de quase 40°C está longe de ser exceção na rotina dos trabalhadores. Aos pedreiros, técnicos e braçais em geral soma-se uma multidão de entregadores e ambulantes, entre outros, que ganham a vida nas ruas.
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